Quando criança ouvimos uma frase clichê de nossos pais: estude para ser alguém na vida. Essa frase não vem com nenhuma maldade ou desejo materialista do coração de nossos pais, seu desejo é que vivamos bem no futuro, tenhamos um bom emprego e possamos ser pessoas dignas. Mas o que quero que analisemos é o seguinte: o que significa ser alguém na vida? Nossos pais estão falando de realização pessoal? Com o avanço da revolução industrial, a educação virou meramente preparação para o mercado de trabalho e com o crescimento e desenvolvimento da sociedade e da tecnologia, trabalhamos não somente para manter a nossa existência, mas também para adquirir bens de consumo para nosso entretenimento, conforto, prazer e satisfação pessoal. E neste novo mundo onde temos tudo na mão a distancia de um clique, vemos a geração mais insatisfeita, entediada, ansiosa e depressiva de todos os tempos.
Ainda somos o mesmo ser? Um ser é repleto de características que o diferencia dos outros seres. Aristóteles disse que somos um animal politico, isto é, temos tendência natural para a vida em comunidade. Além disso, também temos a capacidade de raciocínio lógico; Sabedoria; Autoconsciência de sua existência; Consciência sobre a morte; Racionalidade; Capacidade de expressar criatividade; Capacidade de comunicação complexa (fala, escrita e gestual), e somos seres espirituais. Esta ultima característica nos lembra de que as coisas que satisfazem os outros seres, não nos satisfazem. Animais querem sexo, comida, água e um lugar pra dormir e estão satisfeitos, com raras exceções. Mas nós não. Nós apenas estamos nos esquecendo das nossas verdadeiras necessidades. Maslow classificou nossas necessidades em fisiológicas, de segurança, sociais, estimas e realizações pessoais, nessa ordem de hierarquia. Seria uma forma de pensar bastante materialista ainda, mas muitos não saem da base da pirâmide, isto é, buscam somente realizar as necessidades da sua carne mais imediatas. Esta é geração do fim do semana.
Uma frase típica dessa geração é: ’’hoje eu mereço’’. Quantas vezes você não ouviu ou não pensou que pelo seu cansaço, tristeza, solidão você merecia comprar algo novo, beber um pouco mais, comer algo mais caro, ou gastar dinheiro com alguma coisa que você não precisa, mas que na ausência de algo verdadeiramente importante você procurou nesse consumo suprir? E mesmo depois que o êxtase dessas coisas passou não se sentiu tão vazio e necessitado quanto no começo? E então acreditou que precisava de mais ainda? Você entrou numa bola de neve desesperada onde gerou abismos emocionais e que nada conseguiu preencher e então transformou isso em um circulo vicioso. O economista e ambientalista chileno Max Neef disse que além das necessidades de subsistência e proteção, que podem ser preenchidas com o bom uso do dinheiro, temos também necessidade de afeto, entendimento, participação, lazer, criação, identidade e liberdade. Por isso, o dinheiro pode de fato ser importante para nos trazer algum tipo de felicidade e reduzir nosso estresse e ansiedade. Até certo ponto. O consumo não é capaz de satisfazer todas nossas necessidades, e assim nos tornamos acumuladores de coisas e dívidas, tentando inutilmente chegar a algum lugar. Transformamo-nos em seres consumistas e desumanizados.
Esta desconexão das nossas reais necessidades nos tem transformados em seres egoístas e fúteis. Vivendo vidas sem propósitos numa busca desenfreada e desordenada por prazer e conforto, esquecendo que há algo além dessa matéria. Não há só a energia onde nada se perde tudo se transforma. Há mais que isso. Nelson Rodrigues disse: “Cada um de nós traz dentro de si essa opção: aceitar a imortalidade da alma, ou rejeitá-la. Aquele que prefere a alma mortal é um suicida. Morreu no momento mesmo que optou por esse caminho.” E continua “Acho incrível e inexplicável que alguém prefira fazer a sua vida depender da contingência mais trivial: de uma lotação, ou de uma escorregadela. O materialismo é, para mim, uma atitude profundamente imbecil. Materialista é aquele que chutou a imortalidade, preferindo ver o homem apenas como um ser desprezível. Por isso mesmo, o materialismo exclui os problemas fundamentais do homem, a sua essência verdadeira e permanente, que dura através dos tempos.”. As coisas materiais não são o mal, o mal é crer que tudo tem fim nelas e o propósito de todas as coisas sejam elas mesmas.
Quer ver como o pensamento materialista está se perpetuando na sociedade e talvez já passou também pela sua mente, ou talvez ainda esteja nela? Minha vó teve seis filhos na roça, e ela era uma das mais novas de 28 irmãos. Todos cresceram saudáveis, inteligentes e vivem hoje muito bem. Nossos avós em momento algum pensaram em ter menos filhos porque iria passar mais perrengue para dar coisas para os mais novos. Hoje talvez você queira ter somente dois filhos, porque quer dar tudo para eles, e porque eles dão muito trabalho. O sentido de trabalho agora é: muitos filhos atrapalham a carreira, enquanto o sentido do trabalho sempre foi: terei uma carreira para sustentar minha família. Nossos pais não falam com tristeza de terem acordado às 4 horas da manhã para ajudar o vô na roça, contam com orgulho. Padre Paulo Ricardo nos fala sobre isso quando diz: O que é melhor: passar por inúmeras dificuldades e sofrimentos nesta vida terrena e, depois, entrar na vida eterna, ou jamais ter tido sequer a chance de existir? Recentemente o Arcebispo da Filadélfia nos Estados Unidos, Dom Charles Chaput disse: “Quando jovens me perguntam como transformar o mundo, digo-lhes que se amem uns aos outros, que se casem, permaneçam fiéis, tenham muitos filhos e os eduquem para serem homens e mulheres de caráter cristão. A fé é uma semente. Ela não floresce da noite para o dia. Precisa de tempo, amor e dedicação. O dinheiro é importante, mas não é nunca o mais importante. O futuro pertence às pessoas que têm filhos, não coisas. As coisas quebram e se enferrujam. Mas toda criança é um universo de possibilidades que alcança a eternidade, unindo nossas memórias e esperanças, como um sinal do amor de Deus ao longo das gerações. É isto o que importa. A alma de uma criança existirá para sempre.” E complementou: “Sem uma fé transcendente que faça a vida valer a pena, não há nenhuma razão para ter filhos.” O que me faz pensar que esse desejo de não ter filhos, essa procura por anticoncepcionais, essa luta pelo aborto como fuga das responsabilidades são pensamentos extremamente materialistas, egoístas e extremamente fúteis, pois não leva em consideração o que realmente importa. Esse pensamento irá ter consequências catastróficas no futuro, uma sociedade precisa de filhos educados nos seus costumes e tradições para se perpetuar, se não ela acaba, ou é substituída por uma sociedade sem princípios e sem cultura alguma e que facilmente é manipulada e transformada por um ou outro que a deseja e consiga manipular.
Quando nossos pais falavam: estude para ser alguém na vida. Com toda boa intenção dos seus corações, eles inconscientemente colocaram em nossa mente que só seremos alguém na vida se tivermos sucesso profissional. E talvez no meio do caminho tenhamos confundido esse ensinamento e acreditamos que o sucesso profissional é a razão de viver. Uma carreira pode ser um legado, pode deixar marcas e rastros, mas ela não nos define, não pode nos definir. Morreremos e nossos diplomas ficaram amarelos e serão comidos pelas traças, nossa carreira acaba na aposentadoria, tudo que é material tem um fim, e então não podemos viver por coisas finitas. Não podemos viver acreditando que as coisas finitas são as mais importantes, temos a consciência da finitude da nossa vida material, mas precisamos e urgentemente criar a consciência da imortalidade da nossa vida espiritual e ensinar isso aos nossos filhos e dizer a eles: estudem, para descobrir o que realmente importa, busquem a verdade, porque se não irão te enganar e te manipular e você desperdiçará sua vida em coisas inúteis.
Redes sociais do DIÁRIO DO PAÍS® no Instagram:
Siga-nos no Threads:
https://www.threads.net/@portaldiariodopais
https://www.threads.net/@brunodelimabr
Baixe o aplicativo gratuito do DIÁRIO DO PAÍS para celulares Android no Google Play:
https://play.google.com/store/apps/details?id=news.diariodopais.appdiariodopais
***
Em tempos de desinformação, o DIÁRIO DO PAÍS continua produzindo diariamente informação responsável e apurada pela nossa redação que escreve, edita e entrega notícias nas quais você pode confiar. Assim como o de tantos outros profissionais comprometidos com a verdade, nosso trabalho tem sido maior do que nunca. Compartilhe nosso conteúdo.
Acompanhe o nosso site: www.diariodopais.com.br redes sociais: @portaldiariodopais . Você logo irá notar que somos um jornal único. O DIÁRIO DO PAÍS defende os valores Cristãos, a família, o conservadorismo e a tradição, a dignidade da pessoa humana, o liberalismo, a liberdade, os direitos humanos, a justiça e a paz, além de uma sociedade mais justa e humanitária.
Colabore financeiramente com o jornalismo independente do DIÁRIO DO PAÍS via PIX. Chave e-mail: [email protected]
Vamos juntos fortalecer a luta por um mundo melhor?
Comentários: